Todo ato ligado a alimento, provar, sabores – até mesmo o mais simples e corriqueiro – traz consigo uma história e exprime uma “cultura complexa”. Feijoada, pernil com farofa, cuscuz à paulista, vatapá, bolinhos de chuva ou, um simples frango caipira nos leva a falar da formação das identidades locais, regionais e até globais. Cores, movimentos, gostos e até a música, estão vinculados à culinária e, esta, a história, a cultura, e ao modus vivendi de todos nós. Assim, o prazer pela leitura, teatro, o cinema e um bom vinho estão intimamente ligados. Desta forma, e, de outras tantas, sentimos a vida e interagimos com tudo que está a nossa volta. Assim, degustamos a poesia da vida deliciosamente e, surpreendente através dos sabores, aramos e cores. Somente a menção a determinados pratos já evoca aromas e a fusão de temperos, ecos de muitas lembranças que possibilitam, por exemplo, a compreensão dos hábitos alimentares no decorrer de séculos de história. Quando os portugueses aqui chegaram, descobriram com a ajuda dos nativos vários produtos regionais: palmito, mandioca, abóboras, feijões, amendoins e frutas. Colocaram na mesma panela, as técnicas culinárias trazidas da Europa e aplicadas a ingredientes bem brasileiros. Várias incursões ao Brasil levaram os navegantes por diversos caminhos e, um deles, foi cultivar alimentos a que estavam habituados e, ao mesmo tempo, utilizar daqueles já existentes, inclusive, suas formas e técnicas culinárias mescladas às especiarias trazidas da Europa. Em muito pouco tempo, os primeiros colonizadores descobriram que nem tudo que se plantava na Europa podia ser cultivado no Brasil, então tiveram de se habituar aos alimentos que os índios comiam. Uma das plantas européias que não se adaptou ao nosso solo foi o trigo. Para substituí-lo, os portugueses passaram a usar a mandioca em sua culinária. Enquanto os povos indígenas faziam farinha, tapioca e também consumiam mandioca misturada com frutas (como o caju), legumes e carnes, eles a incorporaram nos bolos, caldos e cozidos. Na época, uma sociedade portuguesa escravocrata não admitia o trabalho senão a custa do cativo. Os negros que sobreviviam às péssimas condições de viagem nos navios, quando aqui chegavam, eram acomodados nas senzalas das fazendas para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar. Trabalhavam cerca de catorze horas por dia e muitas vezes tinham direito apenas a uma refeição diária, composta de feijão, milho e farinha de mandioca.
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
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